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Petrópolis - RJ

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Após maior catástrofe natural do Brasil, centenas de pessoas de 7 cidades da Região Serrana do Rio convivem com o medo da chuva

Treze anos atrás, sete cidades da Região Serrana do Rio de Janeiro registraram o maior número de mortes em uma catástrofe natural no Brasil. E, até hoje, o medo da chuva é uma realidade para muitos moradores.

Treze anos separam as duas tragédias.

“A lágrima secou, mas a ferida ainda está aberta, e toda vez que vemos uma situação como a que ocorreu agora no Sul, tudo volta à tona”, diz Catarino Lopes, morador de Teresópolis.

Nova Friburgo, Teresópolis, Petrópolis, São José do Vale do Rio Preto, Areal, Sumidouro e Bom Jardim foram devastadas por grandes deslizamentos e enchentes em janeiro de 2011. 918 pessoas perderam a vida; centenas nunca foram encontradas – as autoridades não sabem dizer exatamente quantas.

Ainda em 2011, os governos liberaram cerca de R$ 1 bilhão para a reconstrução das cidades. A maior parte dos recursos veio do governo federal e foi repassada ao estado e municípios. O governo do Rio afirma que gastou mais de R$ 753 milhões em obras de drenagem, contenção de encostas, recuperação de ruas e estradas, e no desassoreamento de rios; além de investir em projetos para prevenir novas tragédias, como a implantação do sistema de alerta por sirenes em áreas de risco.

Moradores relatam que o bairro mais devastado de Teresópolis ficou de fora.

“Não tem sirene, não tem sirene. Até hoje, obras que deveriam ter sido feitas sequer saíram do papel, apesar de nossa cobrança. Nós cobramos muito do governo do estado, que ficou com essa responsabilidade”, afirma Ruth Ferreira, presidente da Associação de Moradores do Parque do Imbuí.

Na época, surgiram denúncias de mau uso do dinheiro público na recuperação das cidades. Hoje, pelo menos 66 ações ainda estão na Justiça do Rio envolvendo o estado e as prefeituras. O Ministério Público explicou que são processos sobre irregularidades em contratações e compras, além de ações que pedem obras em encostas e até a construção de casas para as vítimas.

Um rio tranquilo de Teresópolis ficou irreconhecível no temporal de 2011. O volume aumentou drasticamente. Pedras, árvores, tudo foi arrastado. No local, foram construídas três barreiras flexíveis, que ajudam a conter, principalmente, pedras que podem rolar do alto da montanha. No entanto, essas estruturas estão cheias de buracos.

Muitos imóveis interditados voltaram a ser ocupados. Um levantamento de 2024 do Ministério das Cidades revela que quase 170 mil pessoas vivem em áreas onde podem ocorrer enxurradas, deslizamentos e inundações nas sete cidades atingidas pelo temporal de 2011.

Em São José do Vale do Rio Preto, centenas de famílias perderam tudo, inclusive a casa. Uma estrada de terra, cheia de buracos e mato, dá acesso a um terreno onde deveria ter sido construído um condomínio para os desabrigados.

“A promessa foi que entregariam as casas. Disseram que, depois que a ponte estivesse pronta, um ano depois, eles estariam fazendo a entrega das chaves para os moradores”, conta Marcela Diniz, da Comissão de Vítimas da Região Serrana.

O governo do Rio de Janeiro afirmou que entregou 4.372 unidades habitacionais nos municípios da Região Serrana afetados pelas chuvas desde 2011; e que 500 apartamentos estão em construção em Teresópolis, com previsão de entrega para julho de 2025.

Fonte: G1

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